terça-feira, 15 de junho de 2010

Como diria Raul...

............Pelos quatro cantos do território brasileiro via-se uma cena bastante comum, milhares de brasileiros em suas casas gritando, torcendo, vibrando pela Seleção Brasileira. O país parou. Mas, e a gente com isso, Bial?

............O estardalhaço da mídia é um velho conhecido. Há pouco mais de um mês, os principais meios de vinculação da informação foram dominados por essa "febre" de Copa do Mundo. Jornais, revistas, televisão e internet só falam disso. Será que enquanto escutávamos "Vai Kaká, salva esse país!", a pobreza diminuía? Ou será que a fome deixou de existir? Ou será que as disputas por terras, o preconceitos em suas diversas formas simplesmente sumiram? E ainda mais, a saúde e a educação viraram excelência num piscar de olhos? Eu acho que não. Enquanto Galvão Bueno e sua voz sublime voz locutavam o jogo do Brasil, nenhuma das mazelas do país deixou de existir.

...........Estou cansado de toda essa manipulação, de toda essa afronta à minha criticidade. A invasão de programas alienantes às casas dos brasileiros é constante durante todo o ano. Novelas que não dão oportunidade para questionar o sistema, telejornais influenciados por uma minoria rica, Big Brothers que servem como propaganda, e "Copas do Mundo" que servem para distrair a grande parte da população. A forma com que os brasileiros lidam com o nacionalismo é totalmente superficial. Será possível que 2000 anos depois de roma, políticas de pão e circo ainda funcionam? É duro acreditar.

...........O fato que a mídia domina a mente das pessoas é indiscutível. A sociedade atual merecia ser chamada de Sociedade do torpor, enquanto todos gritávamos gol, a Coreia do Norte, Estado e não seleção, ameça ser o estopim para uma guerra e nas eleições que acontecerão ainda esse ano, correm um dossiê e muitas propagandas partidárias ilegais. E na hora do jogo... foi "O dia em que a Terra parou" como diria Raul, o povo parou, o Brasil parou, menos a interessada mídia e seus donos.

domingo, 13 de junho de 2010

Um sorriso brilhante

............Apesar de pequenas diferenças étnicas, políticas, econômicas, filosóficas e religiosas, os homens são todos iguais. São homens, que possuem um mesmo ancestral em comum. Mas, o que dá o direito a alguém a explorar o outro? E como outros legitimam essa exploração? O comportamento se mostra determinante nessa resposta.
...........A sociedade atual é cega. O egoísmo e a hipocrisia transformaram o comportamento das pessoas. A individualidade está cada vez mais presente, não só nos adultos, mas nos jovens educados pela mídia, esses que aprendem a não respeitar a coletividade e o outro. A hipocrisia, mais tarde, se revela na indiferença com que é tratada a situação de calamidade em que se encontra “o outro”. Esse “outro” é o índio, o preto e o branco. Esse outro é o outro, sem nenhuma raça, ou vínculo. Por esse Brasil a fora, dos poucos índios que restam, são quase todos aculturados, violentados, mortos, ignorados, espremidos em minúsculas reservas. O preto quilombola, que após dois séculos de fim de escravidão, ainda não sabe o que é a liberdade, o acesso, nem direitos, o preto da capital, chutado para as favelas, o preto nas ruas, marginalizado. O branco também pobre, o branco também favelado e marginalizado. O mestiço, o mestiço sem identidade, o mestiço perdido nos sertões, nas florestas de árvore e de pedra, todos frutos de um estupro etnológico, todos esses da periferia, todos esses explorados, todos esses...homens.
............Mas, todos esses sem cultura, sem religião, sem dinheiro, sem nada, são todos homens, O branco favelado e o branco executivo são homens. O preto porteiro e o preto pelé são homens, são todos homens de carne e de osso, todos tem capacidade cognitiva, todos tem sentimentos. Os dois ficam doentes, os dois morrem, os dois tem saúde, os dois sorriem. Talvez a única diferença entre os dois seja o sorriso, não em sua forma, mas sim no motivo, apesar de humilhados, explorados e marginalizados, estes homens sofridos sabem ser felizes com o pouco que tem, diferentemente do sorriso forçado, o sorriso-executivo, o sorriso-propaganda política, o sorriso-burguês. Talvez um pouco torto, ou sem alguns dentes, mas admirável são essas pessoas que conseguem demonstrar um sorriso brilhante, um sorriso verdadeiro apesar de toda a dificuldade imposta por estes poucos que formam a sociedade cega, egoísta e hipócrita.